wonderbóia e os heróis intergaláticos.

Wednesday, February 28, 2007

 

i'm a bitch for you.

eu sou o ser mais dependente de que se tem notícia. droga. :~

 
hoje escrevi mais um roteiro ruim, livremente inspirado na história da pobre aimée. demorei duas horas para conseguir escrever e superar o fato de que ela virou puta, e todos adoraram, acharam a personagem super profunda, que lindo, que lindo, só podia ter sido escrito por você.
mas ando odiando tudo e me repetindo como o maluco no metrô ontem, gritando palavras vagamente sagradas enquanto eu olhava pela janela e pensava, é isso, então, vou morrer hoje, anônima entre os pedaços dos outros, the terrible flames of all that remain from my little shirtwaist fire. não morri, mas foi por pouco.
não que teria sidode todo mal, já dizia o amável Buk que um escritor que não vence pela criação está morto, e, bem ...

 

lollipops and crisps

não sei, não sei. caso sério. o fato é que os cachorros do vizinho continuam mugindo sofrivelmente, os loucos continuam me perseguindo em filas e pontos de ônibus, como abelhas bipolares. ainda preciso responder algumas questões de método, outras de português, ler uns textos de análise da imagem, história da arte, sociologia, passar o roteiro a limpo, como roupas recém-lavadas coleando feito serpentes em um varal. meu ombro esquerdo dói como se tivesse ssido arrancado no metrô. tudo continua do mesmo jeito.

mas, não sei, de repente todo o mundo ficou lindo. os jatos de água que lavam o quintal da vizinha formam pequenos arco-íris colorindo o asfalto e simplesmente sorrio ininterruptamente, uma boneca de corda com os olhos sempre abertos e aquela cruel boca de fome do lobo inevitável da lispector.

Thursday, February 22, 2007

 

estrelas-mil

detalhe no hífen. eu poderia repetir isso o dia todo. duas palavras em uma, conectadas por uma frágil haste, um arame reto e correto como um coração recém-amanhecido, ainda pálido de tanto esperar.

que dia bonito. eu e minha mãe estávamos discutindo arte até agora há pouco, porque agora o incrivelmente triste escritório ao lado do meu quarto se tornou um ateliê. vamos pintar quadros e coisas poucas e muitas. então estávamos falando sobre os impressionistas, manet é ou não é um impressionista, de jeito nenhum, porque ele era muito velho, e qual era o nome daquele outro mesmo, o perfeccionista? qual? aquele que pintou a montanha quase cem vezes, eu acho, ah, sim, o cezanne, e assim por diante.e agora tenho livros sobre pintura para estudar, e, se eu não for um desastre, quem sabe -- vou ser uma escritora-pobre-cineasta pintando réplicas de renoir.


e eu quero morrer com um dos seus hífens perfurando minhas membranas cardíacas. i'd be glad to.

Wednesday, February 21, 2007

 

os últimos suspiros da chave-mestra

respire, respire.
vou contar até quinhentos e tudo vai voltar ao normal.
farei o trabalho de economia depois de comer alguma coisa.
e não seria bom se as sardas se espalhassem? juro que seria, como abelhas vivendo numa grande colméia sob a pele do seu rosto.
abra os olhos sem intenção de ver.
as aranhas agora moram dentro do guarda-roupa.
e as flores noturnas já não brotam mais debaixo da minha janela.
mas respire, respire.
desculpe-me, é que doía muito e eu não conseguia mais pensar. eu sei que fiz uma coisa horrível com você, mas mas mas não precisa pagar na mesma moeda, apenas dê a outra face. é assim que funciona.
é assim que funciona, colocam-se as moedas e as roupas saem limpas, bêbadas como ursos pardos.
respire.
e não diga mais besteiras. você diz que não, mas aposto que tomou friagem, e voltou muito tarde, tarde demais, agora as estrelas se apagaram, o que você vai fazer quanto a isso?
falar devagar, tomar copos de água entre as refeições, nunca enrubescer.
ter uma vida silenciosa, sem alardes, sem surpresas, por favor, obrigado, bom dia, boa noite, até logo.
até logo.

 

haven't slept a wink since nineteensixteen.

eu não sou tão exigente assim. só queria alguns lucky strikes e algumas lagriminhas tão doces e inofensivas quanto as da Giulietta Masina no Fellini de ontem, assim, sem perguntas, sem motivos, sem dever explicação alguma para ninguém. mas logo vêm as pessoas e seus cérebros de maciça inteligência racional que acham incompreensível chorar tão alto assim só porque o céu está tão bonito, só porque o dia pede que se chore sem pecados, olhando com humildade (e uma espécie de profana gratidão que estoura artérias obscenas, de tanta felicidade) para os gatos santos, suas coroas de espinhos de rosa e seus Sagrados Corações felinos.

desculpe-me, é que doeu. bastante.

senhorita mary ann o assassinou com notável rapidez, e escondeu o cadáver com latas de ervilha, milimetricamente alinhadas como soldados de metal & ervilha, algo doce como a janta de cada dia, a toalha xadrez, o batom vermelho deixando impressões perfeitas no rosto dele, o silêncio do depois, luxurious in your arms, your smile is the cool sun in the dark, apenas mais tétrico. senhorita mary ann, escuto seu nome estourando como gotas de chuva sobre um xilofone, contra a madeira branca-hospitalar-pura-virginal da minha janela, tentando entrar a qualquer custo. winter melts, she shys aways quite like the silence a dying star makes.

desculpe-me, é que doeu. tanto, tanto.

mas as suas paredes têm cinquenta centímetros de espessura, então você não tem idéia. e eu que fui dormir pensando nos seus braços, aliás, asas, se abrindo, faça-se a luz e coisa e tal, e agora, tsc.

Tuesday, February 20, 2007

 

don't feel bad.

outra daquelas segundas chuvosas. o tempo é um leproso em pedaços sobre uma cama de hospital, com o olhar perdido em borboletas fétidas que flutuam sobre ele, contando até três desde o primeiro dia da criação. vamos lá, idiota, só até três. mas ele não passa do um, maldito moribundo, demora tanto que quero me esconder debaixo da cama, esquartejar pobres insetos, quebrar minhas duas pernas e tomar mil picolés. oh, e caio fernando abreu, os sapatinhos vermelhos, fico hipnotizada lendo, as histórias acontecem diante de meus pobres olhos doloridos como se eu estivesse lá, um fantasma invisível vendo-os, todos os personagens e suas encantatórias rachaduras cardíacas. quase penso que sou outra pessoa. não seria mal.

agora estou aqui no escuro, que me cobre como cobertura para bolo de aniversário, quando quero ser invisível. seria bom desaparecer agora mesmo. let's fade together. tayná-tayná diz que brilho demais, impossível ser invisível. estrelinha bobinha, eu só reflito o brilho dela, como um espelho, nada mais do que isso. e ela brilha tanto, tanto, tanto, que só sendo um espelho para não ficar cega. ai ai.

vou ali engolir fumaça e contar até quinhentos, você conhece o quadro.

Thursday, February 15, 2007

 
agradecemos com fervor por lamber suas feridas a céu aberto, como uma fada carnívora; mas por favor, Nina, durma, dizem os bilhetes dos fantasmas, encontrados por toda a casa.

 

Leminski Chove no Meu Piquenique ou Você Está Tão Longe Que...

quintafeira, quinzefevereirodoismilesete, 19h24min.
uma semana, contando.

engraçado como o dia, de repente, me parece vazio. lembram-se do cisne cantor que arrebentou as linhas que o pregavam ao céu e fugiu para nunca mais voltar? lembram-se da pobre Aimée, a que perdia corações, desfazendo-se em poça (pôça? póça? me corrija mais uma vez, já esqueci) d'água, ouvindo pássaros cantando tristemente ao longe? lembram-se da maçã com quatro pernas, o forno assando o pequeno coração que inchava alegremente, as mágicas da rainha de copas?


eu lembro. alors, não consigo pensar em mais nada.

isso dói.

Wednesday, February 14, 2007

 

i think you're crazy, maybe.

não que eu efetivamente pensasse um dia em ter fama, fortuna e garotas de biquíni no chantilly e anjos soprando trombetas apocalípticas, de puro júbilo literário. mas também nunca pensei que poderia fazer algo tão ruim, quando pressionada.
eu explico.

eis que chega o professor de roteiro I, com idéias malucas sobre meditação, dizendo que precisamos esvaziar nossas mentes (como sacos de lixo, como teatros pós-cortina vermelha, etc) para poder criar coisas novas, deliberadamente. eu morro de medo dessas coisas. tenho certeza de que, se eu tivesse levado a sério, minha mente ficaria tão vazia que eu não me lembraria nem do meu próprio nome, o que, convenhamos, não é saudável. mas, certo, certo, todos nos prontificamos a tentar. mas -- eu não conseguia esvaziar minha mente; pensava em calças gêmeas e em deerhoof, nos minutos pingando sobre a minha cabeça, sobre massas ectoplasmáticas e além.

oh, e depois de tudo isso, ainda tínhamos que escrever o que imaginamos, para, possivelmente, virar um roteiro de tcc. ha-há. então tá. então espremi minha já vazia mente feito cérebro fosse um limão, e tudo o que saiu foi isto aqui:

"o teto, sugado por algo transcedental acima da casa, cospe um anjo em um trapézio, que, em um estouro pirotécnico cardíaco, cai. suas asas pútridas se desprendem das costas, deixando feridas purulentas, vermelhas, purpúreas, e Theodora ajoelha-se ao lado dele e as lambe."

...

e dá-se que, pelo jeito, terei de trabalhar na rua augusta-ta, porque esses roteiros não vão acontecer. mesmo.

 
acho que não terei uma vida muito longa, ela disse, olhando pela janela. lá fora, sobre o telhado, diminutos pássaros de todas as cores dançavam, sob as grossas gotas de água celeste que caía como doces mísseis, chamando-a para dançar também com vozes nórdicas e incorpóreas, invocando o suicídio e a suspensão perpétua de todos os pequenos problemas que furavam-lhe o coração como línguas de mariposa.

Sunday, February 11, 2007

 

you'll be a freak and i'll keep your company

a milhares de milhas, os enormes pássaros de metal brilhante como colheres aladas, fazem curvas e gracejos sobre o meu telhado, enquanto estremeço, sem piscar. os impressionistas voam com os guarda-chuvas de sempre, etc, os insetos mortos se acumulam sobre as minhas páginas, e tudo mudou, uau, os objetos voltaram a conversar, as panelas me olham com inveja, malditas panelas, e a charliestrela está lá em cima e até os arco-íris resolveram voltar a existir, mesmo que efêmeros como luzes de vagalume.
meu cérebro derreteu completamente; agora, tudo o que nos resta é tocar o clarinete e chorar pedaços de vidro, sempre um pulso cortado a mais, escorrendo alegremente.

por falar nisso, tenho a impressão de que esta semana vai fazer tudo em pedaços -- só para eu ter que reconstruir bloco por bloco até as coisas parecerem certas, até eu não precisar mais fugir para debaixo da mesa pensando, oh, o que fazer, o que fazeeeeer?, o que, convenhamos, não é nada agradável. cansei de pisar em ovos de serpente prestes a eclodirem e de sufocar em palavras pontiagudas.
it's time the truth was out.

Wednesday, February 07, 2007

 

fantastically high

regredi. admito, fazia muito tempo que eu não chorava debaixo da mesa.
mas também fazia muito, muito tempo que eu não descia as escadas cantando.

então há um equilíbrio e posso dizer que os dias são bonitos de novo.

fora isso, preciso comprar um milhão de livros, lê-los para a próxima semana, lidar com professores novos absolutamente malucos, como a nada-atraente de sociologia, que, creio eu, só não termina cada aula com um número de dança porque correríamos quilômetros a fio, horrorizados. ao menos ela é ridícula o bastante para ser engraçada, isso é um ponto positivo. quase.
agora vou ali sorrir sem razão aparente até meu rosto doer.

Monday, February 05, 2007

 

the mirror has to do for now (but it's not working)

então não dormi de novo, me levantei feliz e bem humorada como todo insone e fui ter meu primeiro dia de aula do ano. foi válido; vi pessoas; tive aula de economia; e meu professor de história da arte é um verdadeiro carrasco, mas nos mandou babar vendo pinturas em livros impressionistas, barrocos, etc, deixem seus olhos passearem pelos vermelhos, azuis e amarelos, os contrastes, os constrastes, sim, que lindos contrastes, oh, querido manet e suas putas com laços no pescoço, sempre olhando tristemente para o pintor, como se o amassem.

mas ainda tenho que amarrar fitas nas mãos e inventar pessoas e além disso tenho frases lamentáveis escritas nos braços e tudo tudo tudo flutua e gira e dá rasantes sobre minha pobre cabeça. pena. eu preferiria queimar tudo, embrulhar as cinzas para presente e
et cetera.

Saturday, February 03, 2007

 

achei

pára tudo. encontrei a minha música.
ei-la:

Don't fall in love with me yet
We've only recently met
True I'm in love with you, but
You might decide I'm a nut
Give me a week or two to
Go absolutely cuckoo
Then, when you see your error
Then you can flee in terror
Like everybody else does
I only tell you this cause
I'm easy to get rid of
But not if you fall in love
Know now that I'm on the make
And if you make a mistake
My heart will certainly break
I'll have to jump in a lake
And all my friends will blame you
There's no telling what they'll do
It's only fair to tell you
I'm absolutely cuckoo.


é exatamente isso. simples, huh?

Friday, February 02, 2007

 

devil soul! devil soul!

nada não, eu só gostaria de me trancar no mais escuro dos bosques, com todas as árvores purpúreas com rosto aterrorizantes ao meu redor, os montruosos coelhos, seus caninos afiados e os rosados bambis bicéfalos; me deitar no chão úmido entre os corvos de olhos noctilúcios e afundar devagar, do pó ao pó, a terra se abrindo como uma boca sem dentes e eu sendo devorada por sutis vermes fluorescentes, meu cabelo servindo de ninho para mariposas e vagalumes.
sabe there there?

e eu me lembraria de você, sua alma diabólica, os casulos de borboleta dentro da sua pútrida caixa torácica (e você brilhando).

Thursday, February 01, 2007

 

this used to be the future

é meio triste quando se vai ao médico e a única coisa que ele diz é que você precisa tomar mais sol, sintetizar mais vitamina d e ficar da cor do verão.
pois bem.
então estou aqui, no meu último dia de férias, com uma carteiras de luckies, besuntada de protetor solar fator trinta, tomando cinco minutos de sol, ouvindo jimmy cake e pensando no iminente naufrágio de theodora. (não, não é uma história náutica, mesmo porque, se theodora se encontrasse em um barco/navio/bote/caiaque, com o céu e o mar cintilantes, trepando na linha do horizonte, ela com certeza pensaria em sereias e se jogaria antes que pudessem sequer pensar em profundidades adequadas para mergulho.)

and there is joy.

 

mas eu não vou ser triste para sempre

e dá-se que sou tão instável que a lua agora me parece uma imensa gota de leite cristalizada no céu (e as estrelas são outras gotas, mínimas, cintilando como o Meu Diamante Mais Brilhante, enforcadas por linhas de nylon amarradas às diferentes camadas celestes), e posso até encher meus pulmões de ar e dizer: hoje foi um lindo dia, cheio de sorvetes e filmes e tropeções em sombras já arquivadas. quando menos espero, caio. mas logo terei de acordar cedo novamente e me dedicar às queridas aulas de cinema, e me importar somente com elas e com sapatos.

"oh, Johnny, mande-me mais dinheiro para --", eu diria, mas não. pobre Johnny e seu uísque barato em Kansas City.


oh, sim, e mandem-me mais pássaros amarelos obrigada adeus.

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